quarta-feira, 23 de março de 2011

Crença popular

Já virei a blusa do avesso,
Avistei cometa,
Rezei um terço

Dei três beijinhos no relógio,
Esquivei a escada e o gato preto

Mas cadê você, hein?
Será que hoje não vem?
‘Cê é maluco, eu já sabia.
Pois bem,
Ai tem...

Acendi vela, incenso e defumador,
Dar uma geral no ambiente
Fechar o corpo,
Abrir a mente

E na ansiedade
De te encontrar
(Olha essa!)
Me tornei até adepta
De qualquer crença
Popular.

Amanhã já sou beata
Budista
Umbandista
E turista

Passeando no mesmo lugar
Pra ver se esbarro com você,
Seu vigarista!

Intercalo a busca obcecada,
Com a raiva descompassada
(E a faca na mão).
Ah se eu te pegar...
Te beijar ou te torturar?

Nessas horas também te xingo
Destilando veneno,
Sonhando com a cor do teu caixão
Depois de te matar.

Exausta de drama
Mergulho na cama
Acendo um cigarro
Que é pra fumar a dor,
E deixar só o amor.
Mas tô puta,
Acho que fumei o amor
E ficou só dor.