segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Irmã lua

Penso que sou como a lua
Pois desço em sofrimento
Minguando devagarzinho
Me consumindo em luz do fim,

Até que de tanto doer
Vazia fico
E passo por ai
Sem muito querer saber,
Sem muito dizer a favor de viver.
Só uma presença ausente
Que vagueia tranqüila
Quase pedindo para não se fazer notar.

E é quando menos espera
Aquele olhar distraído pro céu,
Que eu volto tímida,
Porém nítida
Nova a florescer em fatias de luz.

À medida que o amor se infiltra
Em delirantes espirais de devaneio
Me faço aberta a respirar cada detalhe ínfimo,
Enchendo meus pulmões,
Revelando meu íntimo,
Brilhante até nas minhas últimas sombras e curvas,
antes ocultas.

Pois só é possível,
Para mim,
Que a lua e eu
Sejamos irmãs de universo,
feitas do mesmo éter:
Amor e alma,
Rubor e cama,
Dor e calma.

6 comentários:

  1. Agora eu te sigo...

    E vale a pena.

    Muito bom.
    Parabéns.

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  2. O POETA E A LUA
    Vinícius de Morais

    Em meio a um cristal de ecos
    O poeta vai pela rua
    Seus olhos verdes de éter
    Abrem cavernas na lua.
    A lua volta de flanco
    Eriçada de luxúria
    O poeta, aloucado e branco
    Palpa as nádegas da lua.
    Entre as esfera nitentes
    Tremeluzem pelos fulvos
    O poeta, de olhar dormente
    Entreabre o pente da lua.
    Em frouxos de luz e água
    Palpita a ferida crua
    O poeta todo se lava
    De palidez e doçura.
    Ardente e desesperada
    A lua vira em decúbito
    A vinda lenta do espasmo
    Aguça as pontas da lua.
    O poeta afaga-lhe os braços
    E o ventre que se menstrua
    A lua se curva em arco
    Num delírio de luxúria.
    O gozo aumenta de súbito
    Em frêmitos que perduram
    A lua vira o outro quarto
    E fica de frente, nua.
    O orgasmo desce do espaço
    Desfeito em estrelas e nuvens
    Nos ventos do mar perpassa
    Um salso cheiro de lua
    E a lua, no êxtase, cresce
    Se dilata e alteia e estua
    O poeta se deixa em prece
    Ante a beleza da lua.
    Depois a lua adormece
    E míngua e se apazigua...
    O poeta desaparece
    Envolto em cantos e plumas
    Enquanto a noite enlouquece
    No seu claustro de ciúmes.


    Pra qualquer coisa ter me lembrado ao mestre,essa qualquer coisa é muito boa.
    Continue assim.
    Grande prazer
    http://euseocotidiano.blogspot.com/

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  3. que coisa mais linda, minha amiga!
    isso é certo: a lua te empresta o brilho dela.

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  4. (gostei muito!)

    e que o amor se infiltre em tudo, cada poro pequenino desse universo gigante!

    (http://pixheaven.net/galerie.php?id=22.. pra vc se deliciar!)

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